quarta-feira, agosto 31

A Carta Aberta para José Sócrates

O (des)governo que se vive em Portugal é assustador!
Os eleitores deram, no último acto eleitoral, a maioria ao Partido Socialista na suposição de que este agrupamento político iria tomar medidas capazes de moralizar, efectivamente, a Administração Pública e o sector económico dependente do Estado; esperaram, também, que, através de medidas de carácter social, se gerassem condições de retoma do investimento; os empresários admitiram a possibilidade de uma rápida reforma do sistema judicial de modo a cortar com as delongas existentes na resolução das demandas pendentes. Numa palavra, os Portugueses acreditaram no milagre prometido por José Sócrates.
Os meses passaram e o manto da mentira, curto e esfarrapado, começa a deixar ver a mentira da governação socialista.
Têm sido várias as decisões adoptadas pelo Governo geradoras de incómodos e revoltas populares. O acto eleitoral que se aproxima vai deixar bem à vista o desagrado do Povo soberano.
De entre as medidas adoptadas o Governo resolveu encetar uma campanha contra a Instituição Castrense, retirando-lhe as poucas regalias que os militares que a servem ainda possuíam em função do tipo de vínculo «contratual» a que estão obrigados. É deplorável que o Partido Socialista tenha alinhado neste jogo, sabendo que estatutariamente os militares na situação de efectividade de serviço não podem reclamar. Trata-se de um acto pouco correcto, porque se machuca quem está ferido no direito de resposta.
Na tentativa de chamar a atenção pública para a pouca correcção das medidas que se pretendiam tomar e já foram aprovadas em Conselho de Ministros, escrevi a carta aberta que se segue, endereçada ao Primeiro-Ministro José Sócrates. Foi publicada na íntegra no Diário de Notícias do dia 15 de Agosto.
Sei que foi lida por centenas de camaradas meus, os quais comungam do mesmo sentimento de revolta que me animou ao escrevê-la.
Por hoje, fica no blog. Daqui a algum tempo voltarei a escrever sobre o assunto, de modo a que todos aqueles que acederem a estas páginas possam compreender quão iníquas são as decisões assumidas por um Governo que todos esperávamos fosse de uma grande integridade e correcção.
Aí vai:


Lisboa, 7 de Agosto de 2005

Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Sou coronel da Força Aérea, na situação de reserva, tendo atingido o oficialato há 40 anos, quatro dos quais passei em África, em tempo de guerra, a servir os interesses que o Estado, através do Governo de então, me determinou. A minha família sofreu, nessa altura e, afinal, durante uma vida, os sobressaltos que V. Exa. pode imaginar (será que pode?). Estivemos sempre prontos para mudar de local de residência; para a minha mulher tomar conta dos nossos filhos, por tempo indeterminado, sem que eu lhe pudesse dar qualquer apoio; para os nossos filhos transitarem de escola, de liceu e, se necessário fosse, até de universidade. E tudo isto aconteceu na nossa vida. Tudo isto, a troco de um soldo(vencimento de um oficial militar) que, por ser miserável, o decoro me obriga a calar.
Curiosamente, foi ainda durante a vigência do Estado Novo, quando era Presidente do Conselho de Ministro o Prof. Doutor Marcelo Caetano, que se reconheceu aos militares dos quadros permanentes a necessidade de lhes dar um tratamento diferenciado em certos aspectos de protecção social. Assim nasceu a chamada Assistência na Doença aos Militares (da Força Aérea, do Exército, da Armada) — ADMFA, ADME e ADMA ao mesmo tempo que nascia a ADSE (Assistência na Doença aos Servidores do Estado) e, para todos, a pensão de sobrevivência. Além de se compensar o baixo pagamento dos militares, de todos os postos, especialidades, armas, classes ou serviços, acima de tudo, garantia-se às suas famílias um apoio que lhes era fundamental quando os maridos e pais estavam deslocados ou impedidos de dar assistência aos seus dependentes. Era e é uma forma de segurança social especial, porque o estatuto militar é diferente do das restantes profissões.
Será possível que V. Exa. tenha deliberado acabar com as ADM’s fazendo transitá-las para um regime semelhante ao da ADSE? Será possível que V. Exa. tenha aprovado mandar estudar um recuo para uma situação que nem passou pela cabeça dos Governantes do período ditatorial e fascista da nossa História, quando, ainda por cima, se viviam as contenções económicas e financeiras de uma guerra que, afinal, ninguém queria? Que condenem os familiares dos militares a não terem qualquer tipo de comparticipação financeira em despesas de saúde quando não beneficiem de outro sistema, ou se vejam empurrados para os serviços médicos sociais, seguindo um «alinhamento por baixo»? A que situação levaram os Governos de Portugal, em democracia, esta velha nação? Será possível V. Exa. compreender o que é passar uma vida inteira — quarenta e quatro anos de serviço e vinte de juventude — em sucessivas crises (políticas, económicas, sociais), aguardando por uma velhice reconhecida e economicamente desafogada dentro de princípios que há muitos anos se foram definindo e agora, se vêem alterados abruptamente? Sabe V. Exa. que um coronel, em 1979, tinha um soldo pouco distante de um juiz de círculo, de um director de serviços, de um professor catedrático e que, agora, nos dias de hoje, é, de entre as categorias apresentadas, aquele que menos recebe? E note V. Exa. que cresceu o número daqueles outros funcionários, aumentando-lhes as sinecuras, enquanto se reduziram os efectivos de oficiais — consequentemente, de coronéis — nas Forças Armadas. Quererá V. Exa., Senhor Primeiro Ministro (Servidor temporário do Estado por exclusiva vontade do voto popular e por isso, servidor de todos nós, porque a nós, cidadãos, a nós deve o lugar que ocupa!), socialista por convicção, quererá deixar o seu nome ligado a decisões ignóbeis, acobertando-as com um igualitarismo demagógico e populista? Será que Salazar tinha razão quando afirmava que o país estava incapaz de viver em democracia? Não quero, nem posso, acreditar.

Ao dispor de V. Exa.

Luís Manuel Alves de Fraga
Coronel da Força Aérea, na Reserva
B.I: 001003 A – EMFA
P. S. Não estranhará, certamente, V. Exa., depois do regresso das férias que está a gozar no Quénia, de saber (será que isso lhe interessa, realmente?) que, ao abrigo da liberdade de expressão do pensamento que ajudei, há 31 anos, a construir, pus a circular esta carta na Internet.

A chave perdida está em Israel

Uma das áreas do nosso planeta onde o conflito entre grupos étnicos, políticos e religiosos está presente mais continuadamente e há mais tempo é o Médio Oriente.
Assumiu-se que tal facto se deve à existência de petróleo e à necessidade de controlar a sua produção. Posso admitir que esta justificação constitui uma forte fatia das motivações conflituais. Todavia, há uma outra que, para os povos envolvidos, é francamente mais dolorosa: a existência do Estado de Israel.
Realmente, quando o sentimento de culpa colectivo dos Europeus e Americanos, por terem consentido o holocausto desencadeado por Hitler e os nazis contra os Judeus, se manifestou, no final da 2.ª Guerra Mundial, permitiu que se imaginasse possível a criação de uma pátria, na Palestina, para o Povo Eleito de Deus, exactamente no mesmo espaço onde estavam instalados, havia quase dois milénios, comunidades muçulmanas e judaicas que conviviam pacificamente.
Fraca solução imposta por quem não tinha a experiência do entendimento da História no Velho Continente. De facto, gerou-se o desequilíbrio total na região, não só por colocar, agora, um outro povo na vivência errante, como também por acirrar os ódios religiosos.
Toynbee denunciou isto mesmo no final da década de 40 do século passado. Os Ingleses aperceberam-se do erro tremendo que estavam a cometer, mas a Grã-Bretanha tinha saído da guerra como a «grande vitoriosa derrotada»: a maior fatia de poder mundial tinha passado para as mãos dos EUA e, desta vez, os políticos americanos não iam recolher-se ao seu continente como haviam feito no fim da Grande Guerra, em 1918.
A grande interrogação que todos nós, Europeus, devemos deixar correr coloca-se numa simples frase: — Saberão os Americanos conduzir a política universal?
Os sucessivos fracassos, disfarçados de vitórias — desde a Coreia ao recente Iraque — parecem apontar para uma resposta verdadeiramente negativa. Negativa, por junção da arrogância com a ignorância, da boçalidade com o novo-riquismo.
Para onde vai a Humanidade?

terça-feira, agosto 30

Começar a gatinhar

Pois é! Estou a dar os primeiros passos neste mundo novo. Vamos ver como me vou sair.
Hoje tive um almoço fantástico. Pouco importa o que comi. Nem mesmo a tasca onde comi. O que realmente importa foi ter reencontrado um velho Amigo de infância que já não via há mais de 35 (trinta e cinco) anos. Uma vida — jovem, claro — mas uma vida.
Já não estamos novos, mas durante quase quatro horas foi incrível um recuar no passado. Falámos, também, do presente e, nessa altura, a conversa perdeu calor.
Que presente temos em Portugal? Será que poderemos mesmo pensar em futuro?
Mas, voltando ao meu Amigo de infância, é necessário dizer que ambos somos militares: ele oficial da Armada, eu da Força Aérea; ele quase saneado na sequência do 25 de Novembro (— o que foi isso? — perguntam os mais novos), eu, sobrevivendo ao vendaval. Tínhamos tantas esperanças, há 31 anos! Queríamos um Portugal tão diferente daquele que havíamos herdado e, afinal, depois de se terem desfeito os sonhos, vamos, melhor, os políticos deste país vão deixar aos nossos filhos e aos nossos netos um Portugal tão feio, tão pobre e, acima de tudo, um Portugal desonesto!
Estou a ganhar o jeito de escrever para o blog.
Voltarei nos próximos dias a escrever sobre o tema. Vai ser de tudo um pouco!... Vai ser.

Razão de ser

Mais um blog no universo dos blogs!
Para quê?
É simples. Para dizer tudo o que me apetecer - talvez um pouco de tudo - sobre mim, sobre este Potugal, sobre o mundo, sobre as esperanças e desesperanças.
Vamos ver o que vai sair.
Não procurarei ser exaustivo, mas serei sincero, frontal, talvez provocador, demolidor. Não interessa... Serei eu!
Vamos deixar ficar assim, para vermos como vai ficar.
Por hoje é tudo.