segunda-feira, outubro 17

Ainda a gripe das aves

No Correio da Manhã de hoje lá está, bem à vista de todos, o cálculo de 11.000 a 13.000 o número de pessoas prováveis a serem vítimas da gripe das aves em Portugal.
Ora, todos nós sabemos que compete às autoridades não serem alarmistas, por isso, para termos um valor mais correcto deveremos utilizar um factor de multiplicação igual a dois. Deste modo, a realidade poderá rondar os 22.000 a 26.000 casos mortais no nosso país. Isso constitui um flagelo!
O Governo, tão pronto em dar conta das medidas adoptadas que lhe possam granjear a simpatia dos Portugueses, neste caso mantém-se caladinho e não nos dá cavaco (não que esse pode ter conotações com o outro!) sobre as decisões tomadas (se é que tomou algumas!).
Já existem nos nossos aeroportos internacionais locais apropriados para uma quarentena imediata dos possíveis contagiados? Já estão a ser nomeadas, instruídas e equipadas as equipas sanitárias que deverão ser destacadas para os aeroportos? Já se estudou o local onde devem ficar fundeados os navios com casos suspeitos? Já estão definidos os lazaretos a adoptar para não contaminar os hospitais comuns? Já se inventariaram os profissionais de saúde a mobilizar no caso de uma epidemia alargada?
Repare-se como Le Figaro de hoje já dá informação sobre o que, ao nível dos organismos responsáveis da União, se vai fazer: «Le commissaire européen à la Santé, Markos Kyprianou, doit de son côté présenter mercredi un exercice de simulation, organisé plus tard dans l'année et visant à tester la capacité de l'UE à répondre à une pandémie de grippe.» Por seu turno o Le Monde publica, em destaque a seguinte afirmação, da autoria do professor Didier Houssin, delegado inter-ministerial encarregado da luta contra a gripe da aves: «la France doit se préparer "comme si la pandémie était pour demain"».
E por cá, como vai ser?
Se entre nós não se sabe como conduzir as operações, passem a um comando militar a responsabilidade de organizar as medidas a adoptar já que, habituados a tomar decisões em estados catastróficos, eles, se lhes forem dados os poderes necessários, saberão como, quando, onde e o que fazer.
Se ficarmos à espera dos peritos governamentais julgo que seremos apanhados em meio da crise sem nenhuma decisão de jeito devidamente adoptada.
Para os mais curiosos, aqui fica o endereço da notícia: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=178017&idselect=9&idCanal=9&p=94