O preço do petróleo continua a subir em relação há dois ou três meses atrás. Tudo tem encarecido como resultado deste fenómeno.
Quem se recorda do disparo do preço do barril de crude em 1973 tem consciência de como se alteraram conceitos de vida e comportamentos nessa altura - como mera hipótese académica, poderia, até, propor-se uma investigação onde se procurassem as relações remotas entre a crise petrolífera de então, a retirada das tropas dos EUA do Vietname e a ocorrência do 25 de Abril em Portugal.
Acontece que, desta vez, não se sente uma reacção conjunta ou conjugada, partindo dos grandes centros de decisão mundial. Assim, há economias que vão conseguir superar este galope energético e outras que se desmantelarão por completo. Portugal está na franja mais esfarrapada dos países dependentes, pesem embora quaisquer acordos que possa vir a fazer-se com o Governo de S. Tomé e Príncipe e de Angola. Tem de se ser capaz de olhar para a situação de modo frontal, equacionando soluções rápidas e eficazes. As energias alternativas podem representar tentativas de resolução, mas não são processos efectivos.
Há cerca de vinte e cinco anos, foi bastante ventilada a hipótese da construção de uma central nuclear. Até se falava na zona do Baleal, próximo de Peniche. Ouviram-se clamores e ranger de dentes por causa do perigo dos desastres que, a acontecerem, poriam em causa a vida em Portugal. É verdade que sim. Mas, é também verdade, que com carência energética se irá morrendo de outra forma. Entretanto, aqui ao lado, bem próximo da fronteira com o nosso desnuclearizado país, a Espanha construiu as suas centrais e, com isso, conseguiu um salto industrial impossível de igualar se ficasse à espera, em exclusivo, dos ventos, das barragens, do carvão ou de outros métodos alternativos. Se ocorrer um acidente grave não sofrem só os Espanhóis... os Portugueses não escapam. Disso não tenhamos dúvidas! Assim, risco por risco, talvez não fosse má ideia começar a pensar na solução nuclear.
Em termos de custos, não são projectos comparáveis, mas entre um novo aeroporto de Lisboa, uma rede de TGV e uma central atómica, não me restam dúvidas que, como solução económica, a última hipótese viria solucionar muitos problemas em Portugal. Não estará na altura de começar a reequacionar soluções, apontando ao futuro?